
Esse apelo, tornado público durante um encontro na “Casa por la Identidad de Abuelas de Plaza de Mayo”, é a base de uma moção parlamentar já registrada na Câmara dos Deputados e aguardando discussão nas próximas semanas. A moção, que faz parte do longo caminho de colaboração entre Itália e Argentina para esclarecer os crimes da ditadura e apoiar a busca pelas crianças ilegalmente sequestradas de suas famílias, solicita ao governo italiano que promova, a nível diplomático e institucional, todas as ações necessárias para instar a administração de Milei a interromper o desmantelamento das estruturas dedicadas à busca das crianças roubadas e ao apoio aos organismos de direitos humanos. Além disso, os parlamentares signatários pedem garantir apoio, também por meio de fundos italianos, à busca pelos filhos e netos de cidadãos italianos e ítalo-argentinos sequestrados durante a ditadura, promover, junto às instituições europeias, todas as iniciativas úteis para garantir a continuidade das atividades das Abuelas e das outras associações que trabalham na defesa da memória e dos direitos humanos, e continuar a proteger a comunidade italiana na Argentina, apoiando as entidades que operam para manter viva a memória histórica e a busca pela verdade.
As recentes decisões do governo argentino, incluindo o desmantelamento dos grupos de pesquisa sobre os arquivos das Forças Armadas, o corte de fundos e pessoal do Banco Nacional de Dados Genéticos, o cancelamento dos financiamentos aos locais de memória e o fechamento da Unidade Investigativa Especial CONADI, constituem um ataque sem precedentes à memória coletiva e aos direitos humanos. Essas ações ameaçam décadas de avanços na busca pela verdade e justiça, colocando em risco os resultados obtidos graças à colaboração entre Itália e Argentina e agravando ainda mais a já difícil situação das famílias das vítimas e dos sobreviventes.
Durante o encontro, o deputado Fabio Porta, em nome da delegação, lembrou “o compromisso histórico da Itália na defesa das vítimas das ditaduras sul-americanas e o papel central de nosso País, que se posicionou como parte civil (junto ao PD) nos principais processos contra o Plano Condor, a coordenação repressiva entre as ditaduras latino-americanas responsável por milhares de crimes atrozes, que envolveu vários cidadãos italianos. Um compromisso que encontra um símbolo vivo em histórias como a de Daniel Santucho, 133º neto recuperado, e seu irmão Miguel Santucho, hoje membro do conselho diretivo das Abuelas. Dois irmãos, testemunhas de uma luta que atravessa gerações e fronteiras, representando a força universal da batalha das Abuelas.”
Após Buenos Aires, a delegação se encontrou em Montevidéu com Estela Carlotto, histórica presidente das Abuelas, com quem discutiu a situação na Argentina e as ações a serem tomadas a nível internacional para apoiar a ação das “Abuelas de Plaza de Mayo” e de todas as realidades que, na Argentina, continuam a lutar pela verdade e pela justiça.
“A Itália – declararam os parlamentares do Partido Democrático – não pode ficar indiferente diante do risco de anulação de um patrimônio de memória, justiça e busca pela verdade construído com décadas de batalhas civis, nas quais nosso País teve um papel central. A defesa dos direitos humanos e da verdade histórica é parte integrante da nossa identidade democrática e do laço profundo entre a Itália e a Argentina.”
Fonte: Assessoria de Imprensa Deputado Fabio Porta

