Redução do Parlamento: Então Borghese mentiu?

Redução do Parlamento: Então Borghese mentiu? Não é justo enganar os italianos no exterior, diz Porta. Maie votou ‘sim’ e foi aplaudido

O deputado ítalo-argentino Mario Borghese terá muito trabalho para explicar que não é mentira que o Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’, partido do qual é vice-presidente, tenha votado contra a reforma constitucional que, ao reduzir o número de parlamentares italianos, reduziu também de 18 para 12 o número de cadeiras destinadas à Circunscrição Eleitoral do Exterior. Ao contrário do que afirmou em comunicado oficial no dia 9, ele sequer votou na sessão do dia 9 de maio, enquanto o deputado Andrea Cecconi, falando pelo grupo “Misto-Maie” declarou, sob aplauso da bancada, um voto favorável à redução do número de parlamentares.

O ‘resoconto stenografico’ (relatório de taquigrafia) da sessão sentencia, à página cinco, qual foi a verdadeira posição assumida: “Anuncio, portanto, o voto favorável de minha componente e com orgulho votamos ‘sim’ a esta reforma constitucional (aplausos dos deputados do grupo Misto-Maie-Movimento Associativo Italiani all’Estero” diz, na conclusão de seu longo pronunciamento, o deputado Cecconi.

 

“Não é justo divulgar ‘fake news’ com as quais se procura informar aos eleitores italianos pouco informados e distantes da Itália coisas e comportamentos completamente diversos da realidade”, disse a Insieme o ex-deputado Fabio Porta na manhã deste domingo.

Segundo o comunicado distribuído à imprensa logo após a sessão, Borghese afirmava que o seu partido, o Maie, não apenas votou contra a redução do número de parlamentares, mas também “tem votado contra todas as emendas contrárias aos interesses dos italianos no exterior”, para completar ainda que “continuaremos a ser coerentes até o fim: nós não aprovaremos jamais medidas que penalizem nossos concidadãos fora da Itália”.

Falando em nome do partido, Borghese aparentemente respondia a posição assumida na véspera pelo presidente e pelo secretário geral do PD – ‘Partito Democratico’ – no Brasil, respectivamente Andrea Lanzi e Fabio Porta, que condenavam abertamente o silêncio do presidente do Maie, senador Ricardo Merlo, sobre o assunto. “Tudo isso acontece mais uma vez no silêncio resignado e cúmplice do Maie de Ricardo Merlo, que sequer uma palavra disse e não moveu um dedo sequer contra uma proposta que tem a oposição de todo o mundo da emigração”.

A proposta de reforma constitucional, que deverá ser reapreciada pelo Senado decorridos três meses, reduz o número de parlamentares de 945 para 600, no total: das atuais 630 cadeiras de deputado, ficarão 400; e das atuais 314 cadeiras de senador, ficarão 200. O número de deputados para a Circunscrição Eleitoral do Exterior, de 12 passa para 8, enquanto o número atual de senadores (6) será reduzido para apenas 4.

Além da agora complicada posição de Borghese (e também do Maie) que anunciou uma ação partidária contrária à que, na prática, aconteceu, há que se registrar que o único parlamentar eleito na América do Sul a se posicionar contrário à redução das cadeiras foi o deputado Fausto Longo. Ele seguiu a posição do PD, que juntamente com o ‘Liberi e Uguali’ e parte do grupo pelas “Autonomias” votaram contra a reforma constitucional.

Conforme se verifica no relatório taquigráfico da sessão do dia 9 de maio, o deputado ítalo-brasileiro Luis Roberto Lorenzato – cujo partido, a ‘Lega’, votou maciçamente pela reforma – esteve ausente, sem justificativa. Borghese, segundo o mesmo documento, estava em “missão”.

Ao indicar o documento contendo a verdade sobre a votação, o ex-deputado Fabio Porta observou ao editor de Insieme que “a coisa é grave duas vezes: primeiro porque, contrariamente ao que argumentou e declarou o Maie durante todos estes anos, seus parlamentares (inclusive o senador Marlo no Senado) não defendem a representação dos italianos no Exterior no Parlamento e no Governo; segundo, porque depois dessa votação (e em resposta ao comunicado do PD do Brasil) o Maie e o deputado Borghese apressaram-se a declarar seu voto contrário à proposta”.

“Estamos diante, como já denunciei há alguns dias – enfatiza Porta – à enésima zombaria dos italianos no mundo por parte de um movimento que nascera exatamente e somente para representar e defender seus interesses”. E conclui: “Não é justo divulgar ‘fake news’ com as quais se procura informar aos eleitores italianos pouco informados e distantes da Itália coisas e comportamentos completamente diversos da realidade”.

“Ao Maie e aos seus parlamentares – prossegue Porta – pedimos seriedade e coerência, e não declarações falsas e hipócritas. Se concordam com a redução ou a eliminação dos eleitos no exterior (como defendeu o senador Calderoli, relator da Lega no Senado), que o digam claramente, não há problema. Se, em vez disso, são contrários, que tenham a coragem de lutar no Parlamento e dentro do Governo, evitando a distribuição de comunicados póstumos com os quais procuram reescrever grosseiramente uma história já escrita”.

 

Fonte: Revista Insieme

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